A contratação baseada em habilidades está aumentando

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Photo by Tim Mossholder on Unsplash

No início dos anos 2000, empresas e empregadores dos EUA iniciaram um movimento para adicionar requisitos de graduação nas descrições de vagas que não exigiam diplomas anteriormente. Menos de uma década depois, entre 2008 e 2009, veio a Grande Recessão, e muitos requisitos de graduação e habilidades caíram por terra. Mas agora, mais de 10 anos após esse período, como as empresas estão se comportando?

Analisando mais de 51 milhões de empregos publicados entre 2017 e 2020, uma pesquisa aponta que os empregadores estão de fato redefinindo os requisitos de graduação em uma ampla variedade de funções.

Em cargos de qualificação média, aqueles que exigem alguma educação ou treinamento para além do período escolar, mas menos específicos que necessitem de uma graduação de 4 anos, houve uma mudança perceptível e menos cargos estão exigindo uma formação completa para estes cargos. Em menor grau, a queda também pode ser percebida em posições de maior qualificação, ou seja, que exigiram uma graduação completa.

Os requisitos de graduação estão realmente acabando?

Usando um recorte da área da tecnologia da informação, a pesquisa estudou anúncios de vagas e observou a exigência ou não de graduação para ingressar na empresa. 

As empresas analisadas anunciaram recentemente a eliminação dos requisitos de graduação para toda a empresa. Na prática, contudo, as empresas continuam exigindo formações para os candidatos, inclusive maiores que apenas a graduação. 

Uma vez que as habilidades mais técnicas podem ser facilmente confirmadas por meio de testes durante as entrevistas, certificações ou mesmo histórico de emprego, porque tantos empregadores ainda precisam de diplomas?

Os pesquisadores acreditam que os graduados universitários possuem habilidades sociais mais refinadas, como a capacidade de trabalhar em grupo ou se comunicar eficientemente em tempo real. Esse conjunto de habilidades são muito mais difíceis de avaliar e, durante a análise, os pesquisadores entenderam que muitos empregadores estão usando diplomas universitários como substitutos para essa avaliação mais fina de habilidades.

Os empregadores que eliminaram os requisitos de graduação passaram a adicionar mais frequentemente e detalhadamente requisitos de habilidades sociais em suas postagens. Depois de reduzir sua dependência de contratações baseadas em diplomas, os empregadores parecem estar pensando com mais cuidado sobre quais recursos e habilidades eles estão realmente procurando. Esse comportamento vira uma via de mão dupla: ao mesmo tempo, candidatos se tornam mais conscientes de que habilidades precisam desenvolver e aprimorar para determinada vaga, inclusive incluindo estas skills no seu currículo.

Existe algum benefício em impor menos barreiras?

A redefinição que está ocorrendo na contratação hoje é de vital importância. Se queremos aumentar a equidade no mercado de trabalho, uma maneira importante de fazer isso é removendo as barreiras para empregos bem remunerados – e não há dúvida de que, nos últimos anos, uma dessas barreiras foi inflacionada os requisitos de graduação. Todas as empresas têm necessidades diferentes, é claro, mas, à medida que escrevem descrições de cargos e avaliam os candidatos, devem avaliar cuidadosamente o valor dos instrumentos contundentes e desatualizados que estão usando e as suposições que estão fazendo. 

Uma reformulação de requisitos bem-sucedida representará uma situação em que todos saem ganhando: os trabalhadores anteriormente negligenciados poderão seguir caminhos de carreira atraentes, mesmo sem um diploma de quatro anos, e as empresas serão mais capazes de preencher os empregos que precisam ser preenchidos.

Apesar de ter como base os EUA, a pesquisa ajuda no contexto brasileiro pois cada vez mais, devido a crise e mesmo as consequências da pandemia da Covid-19, menos pessoas possuem curso superior no país. Uma pesquisa de 2021 apontou que apenas 5% da população brasileira possui diploma de graduação

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* Texto produzido por Letícia Dallegrave, mestra em Comunicação Social e Publicitária.

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