Dentre todos os termos que compõem a cartilha de um típico executivo, Big Data definitivamente é um dos mais populares — bem como data-driven e inovação disruptiva. Essas expressões são ditas no almoço de negócio, nas reuniões estratégicas e nas conversas perto da máquina de café, mas, apesar de estarem na ponta da língua da maioria, nem sempre o seu significado é inteiramente compreendido. No caso do conceito de Big Data, as definições são muitas: o conjunto de metodologias para tirar informação de uma grande quantidade de dados gerados a todo momento, os rastros digitais deixados pelo internauta, a imensa quantidade de dados na qual estamos imersos e a qual afeta nosso cotidiano etc. Qual é a explicação oficial? Difícil dizer, mas é possível afirmar que:
“Big Data refere-se ao grande volume e variedade de informações que as empresas podem coletar e processar usando sistemas de alta tecnologia e que têm origem tanto em fontes internas (dados produzidos dentro da organização) quanto externas (dados do mercado).”
Fonte: Harvard Business Review
Entender a ideia por trás do Big Data e avaliar se todos na empresa também compreendem o seu significado é essencial para avançar para os próximos passos: a coleta, a análise e o uso dos dados. Afinal, dispor de informações não basta — dados sempre existiram e, de uma forma ou de outra, sempre foram usados. O diferencial do Big Data é o volume de informações, a velocidade com que elas são geradas e a variedade de fontes e tipos de conteúdo (os chamados 3Vs do Big Data), aliado ao uso desse amplo material.
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O que fazer com as informações?
O sucesso estrondoso da série original do Netflix Stranger Things foi atribuído, entre outros fatores, às referências à cultura pop dos anos 80. O que seria uma homenagem dos irmãos Duffer, criadores da série, às obras cinematográficas e literárias daquela época, na verdade, foram apontadas por alguns especialistas como um recurso de Big Data: a empresa de serviço de streaming teria analisado o comportamento dos usuários para criar a ambientação e inserir referências que “tocariam no coração” dos espectadores. E não é a primeira vez que ela faz isso.
House of Cards, outra série original do Netflix, foi lançada em fevereiro de 2013, mas, antes mesmo dos 13 episódios estarem disponíveis, os envolvidos no projeto já sabiam que o sucesso era garantido. É que a escolha do diretor David Fincher, do roteiro adaptado de uma série política mais antiga e do ator Kevin Spacey foram baseados nos hábitos dos usuários do serviço de streaming. As séries mais assistidas, o tempo de permanência em cada uma, a quantidade de episódios vistos de uma só vez, os temas de maior interesse, os atores mais buscados no catálogo do Netflix e por aí vai. A ideia era reunir dados internos já existentes, fazer conexões entre eles e, basicamente, responder a pergunta: do que é feita uma série de sucesso?
O diferencial do Big Data está, talvez, justamente aí: o potencial de responder diversas dúvidas usando essa grande massa de informação. Muitos dados gerados quase em tempo real permitem que a fotografia seja mais próxima da realidade, mas é necessário o equipamento adequado para fazer esse retrato. Emissoras de tevê e produtoras de seriados poderiam ter colhido informações sobre o seu público, mas o Netflix tem recursos que permitem que isso seja feito de maneira constante e em larga escala. Além disso, a empresa por trás desses sucessos soube fazer as perguntas certas diante do oceano de dados.
Da mesma forma, a área de Recursos Humanos de uma organização dispõe de múltiplas informações. Avaliações de desempenho, conversas de feedback, processo de recrutamento, entrevista de desligamento, programas de desenvolvimento de talentos, pesquisa de clima organizacional, assessment e outras práticas de gestão de pessoas são fontes de dados sobre o seu “público interno”. Sem contar os dados externos, que também podem dizer muito para o RH: os comentários de funcionários e ex-funcionários em plataformas de avaliação de empresas, as postagens sobre a organização nas redes sociais, os currículos recebidos por meio do recrutamento externo etc. Todo esse material já existe — se a sua empresa não recolhe dados, aí a conversa é outra –, mas o seu valor nem sempre é compreendido. Dados sem análise é a mesma coisa que nada.